MENU
Frieze Masters 2020 09/10 >> 16/10/20

Frieze Masters 2020

09/10 >> 16/10/20
Online Viewing Room
Artur Barrio
09/10 >> 16/10/20
Frieze Masters 2020
Online Viewing Room
Artur Barrio
Sobre

Para a Frieze Masters 2020, a Galeria Millan apresenta uma seleção de obras de Artur Barrio. Nascido em Portugal e radicado no Rio de Janeiro, o artista pertence a uma geração que atinge sua maturidade na contracultura do final dos anos 60, momento em que o pensamento crítico atingia seu caráter mais rebelde. Desde então, esta característica tem se mostrado notável em seu trabalho como prática política, juntamente com uma forte preocupação em evidenciar fragmentos de ações que deixamos para trás. Inspirada por Dada, Situationistas, Actionistas Vienenses e o grupo japonês Gutai, a geração Barrio conclamou a chamada Arte Concetual e seus derivados em vídeo, performance e instalação, cujas reminiscências ainda permeiam práticas posteriores. 

Pode-se dizer que os trabalhos de Barrio têm como objetivo o questionamento sobre aquilo que resta nos fins dos acontecimentos. Isto é o que pode ser visto quando nos deparamos com o uso extensivo de materiais simbolicamente desdenhados, baratos e degradáveis, em oposição aos caros com pretensões de permanência – usualmente valorizados. Nesse sentido, sua produção incita uma atividade sensorial através de uma conexão de atos, ideias e comportamentos, associados à criação de experiências efêmeras capazes de perturbar os aspectos e dinâmicas do cotidiano, como na série Situações, executada em espaços públicos. Selecionamos obras representativas da produção do artista, como A partida de tênis (1982), CadernosLivros (1973-2008), 6 movimentos (1974), Puídas...Esgarçadas...Rotas...(os)...  (1981) e o Manifesto LAMA/CARNE/ESGOTO (1970). 

Uma vez que não há possibilidade de registrar eventos que estabelecem seu próprio tempo e espaço, Barrio está sempre registrando e descrevendo suas experiências: ideias, eventos cotidianos, movimentos, que se desdobram ora juntos, ora de forma independente. Sua série de registros, na qual podemos observar as obras A partida de tênis6 movimentos, e Puídas... Esgarçadas... Rotas...(os)..., aparece como evidência de algo intangível, obras que preenchem o sentido oposto do que seria o paradigma do registro, reafirmando a natureza transitória do trabalho do Barrio. 

Outro suporte para esses registros são as folhas de um caderno. CadernosLivros, trabalho icônico no qual o artista inclui todo o processo de elaboração de sua poética nômade, transita entre os espectros da documentação coletada e do trabalho de arte. Barrio refere-se a eles como “o trabalho embrião, quase em estado cru, a germinação de ideias para suas consequentes realizações”. 

Os Manifestos são obras nas quais o artista reitera a essência do objeto de arte como realidade e não como representação. Nestes escritos, Barrio defende o papel do artista e da obra de arte como o principal meio de desencadear a ruptura com o status quo. Indo além da crítica dos processos canônicos de produção das obras de arte e da interação entre espectador e obra, a força motriz do neoconcreto - movimento do qual o artista teve notável proximidade -, a obra Manifesto LAMA/CARNE/ESGOTO revela uma preocupação não apenas com o que restou da experiência, mas até mesmo com o que não é vivenciado, o que acontece longe de nossa consciência, como interpretado por Agnaldo Farias. 

Nas palavras do artista:
“... O meu trabalho está ligado à situação subjetiva / objetiva - mente / corpo. Considero esta relação uma coisa só, pois é ela que vai deflagrar as situações psico-orgânicas do envolvimento do espectador, conduzindo-o a participar mais plenamente da proposta apresentada, seja nos seus aspectos tátil, olfativo, gustativo, visual e auditivo, seja nas implicações de prazer ou repulsão ... ”