"Démonter et remonter jusqu'à l'intensité"
(Robert Bresson, 1975)
Estamos em casa, no mundo estranho, inexplicável, que surge de si próprio. Há movimentos cortantes, abruptos, linhas que nos transportam, esferas que se dividem em esferas, níveis de projeção geométrica. Mas uma geometria incandescente, alimentada por uma imaginação devoradora.
Falamos do laboratório do artista. Dele surgem peças de imobilidade enganosa, que contém um enxame de acontecimentos ópticos, táteis, mentais. Ao fluxo contínuo da realidade existente, responde aqui a altíssima tensão da forma exata. Uma exatidão construída com a volúpia de uma imaginação de poeta. O espaço se curva, se amplia, prolifera. O artista recorta, extrai, projeta.
Entramos no laboratório imaginário. Aí se produzem paisagens voláteis com a solidez do granito. Ferramentas cartográficas que desenham um relevo iminente. Ao longe passa o filme da esfera inconstante, aquela que vaga da Terra à Lua, da representação à realidade da matéria.
Podemos percorrer aos poucos estes saltos complicados, ou apreende-los em um jogo lúdico em que construir é sinônimo de explorar uma terra incognita. Investigação espacial (e densa) do mundo que se complica a cada olhar, a obra de José Damasceno é uma síntese abrupta de algo que sempre nos escapará.
Estamos em casa, no mundo-densidade, indomesticável, que salta diante dos olhos. Nosso pequeno planeta comporta essas proezas.
José Thomaz Brum é doutor em Filosofia pela Universidade de Nice e professor de Estética no Curso de Especialização em História da Arte da PUC-RIO.
São Paulo, Brasil
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